top of page

Ser mãe ou não ser?


ree

Entre ciclos e escolhas, cada mulher atravessa sua própria travessia.

Tanto maternar quanto não maternar são caminhos legítimos e sagrados.


No acompanhamento terapêutico, observa se que romper padrões não é apenas resistência, mas também um processo de cura. Cada decisão, maternar ou não, atravessa sistemas sociais, culturais e familiares, e afirmar a própria verdade constitui um ato político, íntimo e necessário. Celebrar a complexidade do feminino, honrar os ciclos e criar espaço para escolhas conscientes é parte central desse processo.


Muitas mulheres, especialmente por volta dos 35 a 40 anos, chegam para o acompanhamento terapêutico comigo com questões  relacionadas a “ser mãe ou não?”. A maternidade é frequentemente romantizada e cercada de pressões. Algumas trazem questões relacionadas à fertilidade ou ao desejo de gestação consciente, bem como dilemas sobre o que significa maternar em um contexto social que ainda privilegia o cuidado centrado na mulher, sem corresponsabilização real de parceiros, coletivos ou políticas públicas.


Um passo essencial nesse processo é maternar a si mesma. Isso significa reconhecer suas próprias necessidades, desejos e ciclos, e criar estratégias de autogestão, cuidado pessoal e autonomia, mesmo na ausência de filhos. É questionar crenças sociais que associam a felicidade ou a completude feminina exclusivamente à maternidade e refletir sobre quem cuida de você, da sua saúde, da sua trajetória e dos seus projetos ao longo da vida.


No acompanhamento terapêutico, o primeiro passo é compreender se o desejo de maternidade é genuíno ou se é influenciado por pressões externas. Para isso, introduz se a reflexão sobre maternidade compulsória, práticas socioculturais e políticas que moldam a expectativa de que toda mulher deve desejar ser mãe. A partir dessa consciência, é possível viver a maternidade ou a decisão de não maternar como uma escolha consciente, respeitando biografia, hábitos, trajetória profissional, relação com o corpo, parceiros e família.


Também é fundamental desmistificar a maternidade. Ela pode e deve ser prazerosa, mas é importante compreender os diversos investimentos necessários emocionais, econômicos, de tempo, estudo e disposição do parceiro ou parceira e a complexidade do puerpério, seus mergulhos e múltiplas camadas que exigem cuidado e atenção.


Os contratos sociais herdados e o machismo estrutural fazem com que a maternidade pese mais sobre quem materna, enquanto a vida convida à reflexão sobre desejo, força e liberdade de escolha. Cuidar do feminino é, assim, cuidar da autonomia e da liberdade de decisão, reconhecendo cada escolha como um gesto de cura, autoconhecimento e criação de mundos mais justos.


Esse papo continua, em breve um pouco mais sobre maternidade compulsória…


Beijos da Bel


@belmattos__

 
 
 

Comentários


bottom of page